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Ana Paula Padrão conversou com Jornal O Jornal. Confira!

Outubro 25, 2009

Ana Paula PadrãoVocê foi pro Afeganistão, algo marcante em sua carreira. Mais ou menos na mesma época, uma reportagem disse que as mulheres brasileiras preferiam ser a Ana Paula Padrão a Gisele Büdchen. Para as mulheres, está mais fácil vencer sem ser pelo corpo?

Jornalismo é uma profissão democrática e pouco preconceituosa. Quando comecei, não sofri grandes preconceitos por ser mulher. As mulheres se identificam comigo porque, além de ser uma boa profissional, ter uma carreira independente, sou 100% mulher. Gosto de cuidar do cabelo, fazer as unhas, cozinhar. Não é porque tenho uma profissão na qual me destaco, chefiando equipes grandes, algumas vezes masculinas, que tenho que me masculinizar. A mulher no Brasil entrou maciçamente no mercado nos anos 1980 e está aprendendo desde então a ser mulher e, ao mesmo tempo, ter sua profissão. Preferem isso a venderem atributos exclusivamente femininos. Acho que é disso que falavam ao se identificarem mais comigo. Com relação a viver do corpo, é absurdo que a sociedade brasileira ache isso natural.

Quais as maiores diferenças entre as emissoras pelas quais você passou, Rede Globo e Rede Record?

São escolas diferentes de jornalismo. A Record está focada nas classes média baixa, baixa. Pessoas que tem pouca cultura. Faz o jornalismo com um leque aberto. As matérias são executadas para atingirem uma gama enorme de pessoas, então são mais simples, diretas e objetivas, com menos frases invertidas. A escola Globo é um pouco mais sofisticada. O jornalismo da Globo é para as classes A e B, e por muito tempo foi assistido por outras classes porque era o único. Hoje há mais opções.

Ana Paula PadrãoAna Paula, você considera os grandes meios de comunicação uma via de mão única: a notícia só vai até o público, ou há um retorno e o público interfere na mídia, criando o que a gente conhece por Esfera Pública, um espaço onde ele tem a chance de discutir o que é veiculado?

A TV assumiu um pouco o papel do rádio, um veículo de comunicação com um retorno rápido. Com a chegada de outras plataformas, como a internet, terá que assumir cada vez mais. Se você não ouve a pessoa para a qual fala, ela vai perder o interesse em te ouvir, já que pode se manifestar em outras mídias onde ela não está passiva. Todas as plataformas caminham para uma atenção maior ao que o telespectador ou ouvinte tem a dizer.

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Mesmo contra a obrigatoriedade do diploma, você acha importante o curso de jornalismo?

Em tese, acho que a não obrigatoriedade do diploma de jornalismo pode melhorar os cursos das faculdades. Eles vão ter que se tornar mais competitivos, melhorando não só a formação técnica, mas também a humanística. Não existe drama de credibilidade. Como a tantas outras mudanças, a sociedade vai se adaptar. O mesmo acontece no mercado publicitário. Está na veia. Ou tem isso correndo em você ou não tem. Precisa ter algum diploma, mas não essencialmente o de jornalismo.

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